quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A mentira tem pernas curtas

Tem gente por aí que não perde a mania de tapar o sol com a peneira, maquiar a realidade e entoar aleivosias. Com um atraso de dois meses, morderam a isca e deram demonstração de pouca inteligência ao tentarem responder, em um boletim da chapa da situação ao Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina, à crítica sobre a realidade do piso salarial dos jornalistas em nosso estado, que, de fato, é um dos piores do Brasil.

Noves fora a grosseria da resposta, os malabarismos para tentar se defender são risíveis. Escoram-se nas diferenciações entre Acordo e Convenção Coletiva de Trabalho e nas diferentes realidades do movimento sindical dos jornalistas no país para evitar comparativos. Sustentam-se em uma lógica, no mínimo, questionável: o piso é baixo, mas tem outros piores. E manipulam informações para tentar dar veracidade às suas conclusões equivocadas.

A indicação para a leitura de dados sobre pisos salariais dos jornalistas em vários estados constante no site da FENAJ (clique aqui) é elogiável. Deplorável é não explicar as nuances, não esclarecer que em vários estados há datas bases diferentes e processos negociais em curso e que em muitos deles haverá alterações de valores nas próximas semanas. Igualmente falho é não dizer que mesmo onde já foram fechados acordos há pendências em textos e, portanto, na necessária homologação dos mesmos junto ao MTE ou à Justiça do Trabalho.

Lembremos que o piso em SC, a partir de 1º de maio de 2011, é de R$ 1.395,68. E destaquemos “pequenos detalhes” não informados no boletim da chapa de situação sobre pisos, só para registrar alguns exemplos: Alagoas (data base maio), R$ 2.324,05; DF (data base abril), R$ 1.800,00 para mídia impressa e R$ 1.620,00 para Mídia Eletrônica; Ceará, Rádio e TV com data base em janeiro, R$ 1.641,05; Pará, com data base em maio (o menor piso é da classe A), R$ 1.588,92; Acre (data base em maio), R$ 1.573,00. Também a título de informação, cumpre registrar os pisos nos outros dois estados do Sul: Paraná – retroativo a outubro de 2010), R$ 2.151,56; Rio Grande do Sul (data base em junho), Porto Alegre R$ 1.591,00 e demais municípios, R$ 1.333,00. É recomendável, também, a leitura de todo o conteúdo de cada Acordo ou Convenção Coletiva, para análises mais conclusivas.

Igualmente equivocado (ou distorcido?) é utilizar dados do Dieese sem contextualizar as conjunturas atual e passadas que envolveram as campanhas salariais não só dos jornalistas, como de diversas categorias de trabalhadores no país. Mesmo porque o Dieese, desde 1987, sempre assessorou as campanhas salariais dos jornalistas catarinenses. E pra que não restem dúvidas de que aumento real não é mérito da atual diretoria do SJSC, mas tendência conjuntural nas negociações salariais, eis uma informação do G1 esclarecedora: “De acordo com o levantamento do Dieese, 94% dos pisos foram aumentados em percentuais superiores ao INPC no ano passado. Os reajustes iguais ao índice representaram 2% e, os inferiores, 4%”. Tal tendência se mantém em 2011.

O que os detratores da crítica ao baixo piso salarial dos jornalistas catarinenses tentam esconder, me parece, é sua incapacidade de envolver e unificar a categoria ao longo das últimas gestões. Ganha um doce quem lembrar da última grande mobilização em campanhas salariais dos jornalistas em SC.

A mentira tem pernas curtas. Chega de monarquia no SJSC: 3 é normal, 6 basta, 9 é abuso!

Aderbal Filho, jornalista

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