A posse da nova diretoria do SJSC (Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina) está marcada para o dia 1º de outubro, sábado, no início da noite, em Florianópolis. O horário e o local estão sendo definidos e serão divulgados em breve. Após a solenidade oficial de posse, está prevista na mesma noite uma confraternização para comemorar o início da nova gestão à frente do SJSC.
A chapa de oposição, encabeçada pelo jornalista Valmor Fritsche, venceu as eleições com 62,81% dos votos válidos (223) contra 37,18% da chapa de situação (132 votos), de um total de 556 eleitores aptos a votar. De acordo com o estatuto, o novo mandato começa oficialmente no dia 28 de setembro de 2011 e termina no dia 27 de setembro de 2014.
Na entrevista a seguir, o presidente eleito, Valmor Fritsche, faz uma avaliação das aleições e fala dos seus planos à frente da nova gestão.
1. Qual a sua avaliação do resultado das eleições?
Venceu o sentimento de renovação. Os jornalistas de Santa Catarina expressaram nas urnas a vontade de mudar, de oxigenar o sindicato com novas propostas e lideranças. Quero agradecer aos eleitores, que democraticamente aceitaram participar do processo eleitoral, tanto aos que votaram na oposição, quanto na situação. Mas quero me solidarizar, especialmente, com os que tentaram, mas foram impedidos de votar por conta de falhas no sistema de votação, elaborado sob a inteira responsabilidade da atual diretoria do Sindicato. Ficou evidente que o processo eleitoral conduzido pelo SJSC precisa de aperfeiçoamentos. Foi um vexame os e-mails com as senhas de votação irem parar nas caixas de spam (mensagens indesejadas) e nas lixeiras dos servidores de emails dos jornalistas. Sem contar o fato de que muitos eleitores aptos não conseguiram excercer seu direito ao voto. Isso poderia ter sido resolvido com a adoção de um sistema misto de eleição, combinando o voto em urna convencional com o voto via internet, aliás esta foi uma proposta nossa, recusada pela diretoria atual. Também não houve uma boa divulgação de como seria o processo de votação, até com a possibilidadede de o eleitor fazer simulações. Além disso, a cédula eleitoral era confusa e não trazia o número das chapas concorrentes. Para não falar da lista de eleitores, com informações incompletas e contraditórias. É uma novela a parte. Vamos ter muito trabalho para organizar o cadastro de associados.
2. Quais as primeiras medidas que a nova gestão do sindicato pretende tomar?
Embora a diretoria que está deixando o Sindicato afirme que “não há a ideia de se fazer transição”, acho que a “passagem” entre as duas gestões é salutar e importante para que todos os envolvidos possam conferir questões contábeis, senhas de acesso, procedimentos administrativos e sindicais, registro das documentações em cartório e tantas outras demandas. Negar um processo de transição é, além de antidemocrático e autoritário, um profundo desrespeito à categoria e à decisão das urnas. Imediatamente após a posse, vamos convocar uma assembleia para definir os delegados representantes do SJSC no Enjac, Encontro Nacional de Assessores de Comunicação. Vamos participar das semanas acadêmicas programadas até o final do ano. Outra atribuição da nova gestão é organizar a eleição dos membros da comissão de ética e dos novos delegados regionais. Como primeiras ações, precisamos colocar a casa em ordem. Queremos manter uma relação direta, transparente, ágil e simples com a categoria. Vamos promover a revitalização da entidade em dois movimentos: a organização e o diálogo, com uma ampla campanha de sindicalização. O diálogo inclui a relação com estudantes de jornalismo, as empresas de comunicação, as entidades de classe, os representantes da classe trabalhadora. Precisamos, ainda este ano, iniciar a organização da campanha salarial de 2012 para recompor o piso salarial, que hoje está entre os mais baixos do Brasil.
3. Como você avalia a relação neste momento da categoria com o Sindicato?
O sindicato vive um momento ímpar. Existe uma grande expectativa da categoria em relação às ações futuras da entidade, o que aumenta a nossa responsabilidade. Percebe-se a volta de muitos colegas que estavam desmotivados por conta da completa ausência do Sindicato na sua vida profissional. Tenho certeza que uma aproximação maior do Sindicato vai proporcionar o retorno de muitos colegas, de todas as cidades do estado, que já não viam mais sentido em participar da vida sindical.
4. O que espera desses próximos três anos à frente do Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina?
Para mim, antes de mais nada, é uma honra poder representar os jornalistas do meu Estado. Sem dúvida, temos muitos desafios pela frente. Os jornalistas catarinenses se queixam de jornadas de trabalho extenuantes e se ressentem de uma corrosão salarial sem precedentes. Além disso, as relações trabalhistas passam por profundas transformações e por isso exigem um novo olhar por parte da direção do sindicato. Há um novo profissional do jornalismo se formando hoje, em razão das mudanças tecnológicas e da precarização cada vez maior das relações entre capital e trabalho. Temos o compromisso de, junto com a categoria, atuar firmemente para impedir as distorções hoje observadas em diversos segmentos da nossa profissão. Também a luta pela democratização das comunicações deve ser permanente, como forma de garantir a livre expressão, a pluralidade de opiniões e o surgimento de veículos de comunicação independentes, que assegurem o acesso da sociedade à informação e, ao jornalista, a possibilidade de atuar com autonomia, recebendo uma remuneração digna. Em outra frente, nos juntaremos às lutas travadas pelos trabalhadores em várias áreas, como em favor da redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais e pelo fim do fator previdenciário, por exemplo. Vamos dialogar com o conjunto dos movimentos sociais de Santa Catarina para a construção de lutas comuns. Há muito trabalho a ser feito, mas nosso grupo está motivado e tem competência. Tenho certeza que, todos juntos, vamos realizar uma ótima gestão.